Fui aconselhado por uma leitora a não mais escrever a propósito da morte. Sei, a cada dia, ela mais se abeira de mim.
No entanto, tenho tocado, de quando em vez, neste tema. Até mesmo como forma de aprendizado, a nos preparar para a partida final.
Mas a ‘indesejada’ está me espreitando à porta. Num dia destes, virá me convidar a acompanhá-la. É o destino de todo vivente.
Seguirei o conselho dado, centrando-me no que me atravessa o cotidiano.
Ontem à noite, o ar-refrigerado do meu dormitório não funcionava. A enfermeira recorreu ao turbo.
Logo, o quarto ficou bem gelado, e o problema parecia estar sanado. Mas, pouco antes de dormir, começou a vazar água do aparelho.
De pronto, telefonei ao técnico da refrigeração. Cansado, não me respondeu.
Busquei o mais simples: pus uma toalha de rosto dentro de um vaso de plástico bem debaixo do aparelho para que o ‘pingar’ constante não me incomodasse.
Acordei cedo. O técnico logo me chamou, querendo saber do que necessitava.
Expliquei-lhe o motivo, e ele me respondeu que logo estaria em minha casa.
Chegando, retirou a tampa do aparelho. O trabalho era o rotineiro: havia excesso de poeira na tela do aparelho.
Pedi que fizesse o mesmo com o aparelho do meu escritório e da copa.
Dada a proximidade com a cozinha, o da copa, além da poeira, estava com fungos.
Como é difícil e oneroso a função da dona de casa!
Todos os dias, brota alguma tarefa a ser cumprida.
São pequenas coisas: não podemos permitir que se agigantem.
Amanhã me chega o novo fogão de cinco bocas para a cozinha. Comprei pela internet, pois o modelo é daqueles bem antigos.
O atual está franqueando a saída de gás, intoxicando o ambiente. Mais ainda: duas de suas bocas nem funcionam.
O técnico do fogão não tem mais o que fazer, restando-me tão apenas substituí-lo.
Noto que o dia a dia cuida de nos desviar a atenção de ‘temas’ fundamentais. Será o medo de enfrentá-los? É a vida!
Gabriel Novis Neves
6-3-2024
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