A
questão do menor abandonado – e de todas as consequências advindas - não é de
hoje. Ela faz parte de um círculo vicioso da pobreza que os governantes não
conseguem e não querem romper.
Quando
acontecem problemas graves envolvendo menores nas ruas, vêm os “especialistas”,
geralmente nos programas de televisão à tarde, para interpretarem o “fenômeno”
e deixarem a suas receitas milagrosas.
E
haja aconselhamento aos pais desses menores infratores, na sua maioria
emergentes das classes sociais menos favorecidas.
Os
“professores”, descendentes da “Barbie”, que de crianças querem distâncias,
recomendam que os pais, ao chegarem do trabalho, brinquem um pouquinho com os
seus filhinhos antes de tomar banho e jantar. Estarão, com esse gesto,
demonstrando um grande ato de amor aos pequenos.
Acontece
que a grande maioria dos trabalhadores brasileiros possui uma jornada de
trabalho altamente estressante.
Para
começar, tem de acordar de madrugada e enfrentar o horror que é o nosso
transporte público. Depois de trabalhar por oito, ou mais horas, e com um
salário aviltante, tem que enfrentar, outra vez, a maratona de voltar para
casa. Lógico que, ao chegar, este trabalhador esteja exausto, tanto fisicamente
quanto emocionalmente.
Só
existe mesmo a vontade de se jogar na cama e dormir, para recomeçar tudo no dia
seguinte.
A
mulher se trabalha fora do lar, geralmente enfrenta os mesmos problemas do
marido. Acrescido do caos que é encontrar uma creche para deixar os pequenos.
E,
caso contrário, não é menos estressante o seu dia a dia, pois cuida de todos os
afazeres domésticos: limpa a casa, prepara o almoço, lava e passa as roupas,
faz as compras na feira - bem no final do dia quando os preços são mais favoráveis.
E
ainda tem de cuidar das crianças, trabalho que exige muita resistência física e
controle emocional.
À
noite, está mais para um banho terapêutico que para conversar sobre crianças
com o marido cansado. Elas, no início da vida, vão crescendo sob controle em
casa, nas barras da saia da mamãe.
Quando
os pais conseguem matriculá-las em uma escola pública, inicia-se a tragédia
programada.
A
escola não é atrativa, embora muitas possuam esse nome, totalmente distante das
expectativas das crianças.
Vulneráveis,
são inevitáveis seus contatos com os traficantes de drogas que fazem ponto nas
portas das escolas.
Está
indicado o caminho para o crime impressionantemente sedutor para os menores
criados nesse caldo de cultura social, sem políticas públicas sérias de
proteção aos nossos baixinhos.
Ouvimos
e lemos pela mídia muito blá-blá-blá do governo para uma sociedade insensível
sobre este assustador problema que corrói o futuro da nação.
Quantas
mulheres, mesmo sabendo que a maternidade é um instinto, assumem, sem culpa, a
responsabilidade de não terem filhos.
É
melhor assim. As crianças devem conviver em uma sociedade apta para lhes
oferecer todas as condições necessárias ao seu bom e sadio desenvolvimento.
As
políticas sociais em vigor são uma calamidade. E essa irresponsabilidade se
traduz na infelicidade de muitas mães, pais e filhos.
Essa
é a verdade.
Gabriel
Novis Neves
01-01-2013
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