quinta-feira, 12 de abril de 2012

COPA DO MUNDO


Acompanhei, à distância, todas as Copas do Mundo. Começando com aquela derrota no Maracanã no dia 16 de julho de 1950 para os uruguaios de Obdúlio Varela.
Estava em Cuiabá, de rosto colado no enorme rádio do bar de papai ouvindo a transmissão do jogo. Ninguém, em perfeitas condições de sanidade mental, imaginaria a derrota para o Uruguai diante de 200 mil torcedores.
Nelson Rodrigues explicou em memorável editorial, que o Brasil perdeu o título de campeão do mundo porque assim estava escrito há cem milhões de anos.
Não me recordo de nenhuma Copa com preparação tão turbulenta como esta que se aproxima.
É honesto recordar que o Brasil insistiu junto à FIFA para sediar a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Protocolos de obrigações foram assinados com festança. Nada está acontecendo de surpresa.
Estão em jogo, não simples partidas de futebol de qualidade técnica duvidosa, mas milhões de dólares.
A FIFA comanda um dos maiores impérios econômicos do planeta Terra.
O poder da FIFA é tamanho, que o Brasil irá alterar a sua Constituição para atender interesses comerciais da patrocinadora da Copa.
Os cronogramas das obras exigidos para os jogos e a preparação das cidades sedes estão bem atrasados, e todo mundo sabe e cobra providências.
Única obra que está sendo mexida com atraso é a dos campos de futebol - chamados pelo pomposo título de Arenas.
Está faltando dinheiro nesta terra sem inflação.
A entidade multinacional responsável pelo maior evento de futebol do mundo, onde alguns ganham milhões, vem seguidamente alertando o governo brasileiro sobre a morosidade das obras, em velocidade quase parando, como é o caso de muitas cidades sedes, inclusive Cuiabá.
O secretário da FIFA responsável pela logística da Copa, passou o carnaval na Marquês de Sapucaí, onde, encantado com o desfile das Escolas de Samba e motivado pelo ambiente de descontração, fez declarações contundentes sobre o desprezo do Brasil em seguir o cronograma do protocolo assinado pelo governo.
Em entrevista na Suíça a jornalistas de todo o mundo sobre as providências adotadas pelo Brasil, respondeu que as coisas por aqui estavam precisando de um chute no traseiro para caminhar.
A notícia estourou por aqui como uma bomba, mas não o suficiente para abafar a nomeação do bispo evangélico para cuidar dos peixes.
O nosso ministro dos Esportes não reconhece o secretário da FIFA para a Copa e exige a sua demissão.
O poeta do Maranhão achou inaceitável a tal declaração do chute no traseiro. O governo, interessado nessa nuvem de fumaça para esconder descontentamentos fisiológicos com a sua famosa base de sustentação, estava gostando do desvio do foco da crise política.
A notícia retornou à Suíça como a guerra do chute no traseiro. O secretário autor da polêmica frase afirma ter sido um problema de tradução.
O presidente da FIFA, ironicamente, pediu desculpas à presidente pelo orgulho nacional ofendido.
Chegou o momento oportuno da presidente da República renunciar aos jogos da Copa, como há anos fez a Colômbia. A FIFA ficará satisfeita em agradar aos ingleses, cuja estrutura está pronta para ontem.
E o grande vencedor será o Brasil, que investirá o seu dinheiro em obras prioritárias.

Gabriel Novis Neves
06-04-2012

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