quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Verdades ocultas

Certas verdades, consideradas ocultas, são mais claras que as manhãs ensolaradas de Cuiabá. A luminosidade é tanta, que os oftalmologistas e dermatologistas recomendam óculos e protetores solares, mesmo estando à sombra.

Os governantes da continuidade, como é o caso da presidente e do nosso governador, têm uma grande verdade que ocultam para proteger os seus antecessores - e acreditam que ninguém percebe. Que situação!

Por ética, assumem os erros do passado que passam a ser seus. Quando tempo contrariarão as leis da fisiologia? Na medicina aprendemos que, mesmo a alimentação preparada pelas nossas mães, quando deteriorada, é jogada fora.

Os nossos continuistas governantes - só Deus sabe como aguentaram meio ano – começam a manifestar sinais e sintomas de que algo do que lhe foi herdado da despensa do poder, estava deteriorado.

Essa idiossincrasia com o que ficou e não presta, foi sutilmente chamada pela presidente como operação faxina, um termo bem feminino e doméstico que, para bom entendedor, meia palavra basta. O Brasil herdado estava sujo e precisava de uma limpeza, cujo exemplo maior foi no Ministério dos Transportes.

Faxina não ofende, mas é uma reprovação aos métodos usados nos últimos oito anos. A população brasileira que não suporta mais verdades ocultas aplaudiu a decisão da presidente. Logo os analistas políticos fecharam o seu diagnóstico - a presidente será nossa governante de um mandato só.

Para ter vida longa no poder, as verdades devem ficar ocultas. O seu antecessor não está nem um pouco aborrecido, pois nunca soube da nada, então essas maracutaias que estão sendo varridas, não têm nada a ver com o seu impecável governo. Só ele pensa assim, pois a faxina da presidente desconstruiu a imagem que ele criou no espelho da vaidade. O nosso Rei Sol, quem diria, em oito meses longe da caneta, acabou no ABC paulista fazendo churrasco na marquise.

A presidente está disposta a limpar todos os ministérios do seu governo. No primeiro contemplou a Casa Civil, no segundo, os Transportes, no terceiro, a Agricultura, no quarto a Defesa. Na lista para ser faxinada faltam muitos ministérios. Turismo, Cidades, Minas e Energia, Comunicação e o próximo que a revista Veja indicar.

Em um segundo momento está programado a faxina nas Estatais. Tenho receio que essa higiene cívica produza resultados fúnebres no Senado. Enquanto o seu antecessor não sabia de nada (!) a presidente atual quer saber de tudo e tomar providências republicanas. Começou bem o seu trabalho acabando com o Partido da República. Santa ironia do destino! O Partido da República não adotava procedimentos republicanos.

Na prática, não ficaremos com menos um partido político, apenas cederemos o seu lugar e líderes ao novo PSD do prefeito de São Paulo.

Aqui no nosso Estado, a situação não é nem um pouco diferente da encontrada pela presidente Dilma. Apenas a presidente - por não ser política profissional e ter tido a sua ideologia forjada em lutas contra o que considerava errado -, toma decisões.

O ritmo por estas bandas é bem lento, em respeito aos erros do antecessor e a formação política do governador. Esse sinal de fragilidade que o governador passa à sociedade terá um custo altíssimo, e debitado em sua conta. Embora acostumados a pagar juros altíssimos, mesmo com a mudança de rota agora, o acumulado nesses quase dois anos de governo da continuidade é impagável eleitoralmente.

Todo mundo sabe a situação em que o nosso Estado se encontra e o governador atual cala-se. Quem cala consente, ou tem culpa no cartório. Precatórios, máquinas, sucateamento da educação, saúde e segurança. Estradas piores que aquelas recebidas. Greves, greves e mais greves. Insatisfações por todos os lugares frequentados por aqueles que não possuem segurança bancada pelo Tesouro do Estado.

Cada governo tem que ter a sua cara. As máscaras usadas devem ser substituídas para que as verdades ocultas apareçam.

Gabriel Novis Neves

27-08-2011

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