sábado, 19 de abril de 2025

DOMINGO PASCAL


Acordei cedo neste Domingo de Páscoa. Silêncio. Um silêncio diferente do da Sexta-feira Santa. É um silêncio de renascimento.

 

Nos tempos antigos, a manhã de Páscoa era anunciada pelas badaladas dos sinos da Catedral.

 

As famílias se reuniam para a missa solene, onde tudo exalava perfume de esperança.

 

As moças vestiam seus melhores trajes, e as crianças, de olhos brilhantes, aguardavam os ovos de chocolate com a mesma ansiedade com que os adultos esperavam a bênção do padre.

 

A mesa do almoço era farta, não apenas de comida, mas de afeto. 

 

A Semana Santa se encerrava com abraços demorados e promessas de recomeço. 

 

Na infância a Páscoa era doce, mesmo sem muitos doces. 

 

Bastava um ovo simples, embrulhado em papel colorido para nos fazer felizes. 

 

E o sentido da ressurreição era forte, presente em cada gesto de partilha, em cada olhar de perdão.

 

Hoje, o comércio fala mais alto que os sinos. 

 

A fé silenciou um pouco, sufocada por vitrines e distrações digitais. 

 

Mas ainda há quem compreenda o verdadeiro sentido da Páscoa — o milagre da vida que recomeça. 

 

A Ressurreição de Cristo é o maior símbolo de esperança para quem já sofreu perdas, como eu. 

 

A cada Páscoa sinto que algo em mim renasce — uma lembrança boa, uma oração esquecida, um gesto de gratidão. 

 

A Páscoa de hoje não tem o mesmo alvoroço de antes. Mas ainda guarda o essencial: o amor que resiste ao tempo e a certeza de que a vida, mesmo machucada, pode florescer de novo. 

 

Gabriel Novis Neves

14-04-2025




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