Depende mais da disciplina, do esforço intelectual e do hábito de escrever. A inspiração sobre o tema chega no decorrer da escrita.
Percorri os jornais nacionais pela internet, e nada de criativo encontrei. As redações mantêm uma rígida disciplina editorial.
Daí, as matérias serem idênticas.
Na área internacional, o assunto é um só: as tarifas do presidente Trump e sua repercussão mundial.
Tenho a impressão de que as agências internacionais de notícias produzem conteúdos para as principais mídias nacionais, distribuídos para televisões, jornais — impressos ou não — e emissoras de rádio.
Difícil é escrever sem ser pautado, apenas sobre o cotidiano.
O futebol, com suas zebras, é assunto interessante — quando o time perdedor não é o do cronista.
Aí, mela tudo. E não há inspiração que dê conta.
Após a primeira rodada da Copa Libertadores — a Glória Eterna —, o fiasco do Botafogo foi tão grande que não há inspiração possível sobre o tema.
Como em política econômica mundial sou uma negação — por absoluta falta de conhecimentos —, resguardo-me o direito de não opinar.
Mesmo nos assuntos domésticos, que conheço bem, o melhor é fechar o bico e deixar o tema para os nossos bons humoristas.
Eles terão material para seus shows… para o resto da vida.
Um célebre e consagrado jornalista, forjado nas redações dos nossos jornais de lutas democráticas, fundou um temido site de notícias políticas — e só ele escrevia para ele.
Certa ocasião, pelo falecimento de um vizinho importante no cenário político do nosso Estado, perguntei-lhe sobre minha estranheza: nenhuma nota sobre o passamento do amigo.
Ele respondeu que, justamente por ser amigo da personalidade, não publicou nada.
Como em Cuiabá todo mundo era importante, ele se sentia dispensado de manter uma coluna de obituário.
Deixaria esse trabalho para as funerárias da cidade.
Notícias de polícia também não publicava.
Mas as falcatruas dos nossos barões — governadores, senadores, deputados e prefeitos — estavam sempre na primeira página do site do saudoso Vila, um jornalista de verdade.
Gabriel Novis Neves
04/04/2025
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