terça-feira, 4 de março de 2025

PROBLEMAS SEM FIM


Em menos de dez dias comemorarei o aniversário de três irmãos.

 

Dois já ficaram mais velhos em janeiro e fevereiro. Agora, mais três entram na contagem.

 

Em julho mais um, dois em agosto, um em setembro, o último dos oito.

 

Se eu considerar apenas meus filhos, netos e bisnetos, terei um ‘Parabéns a você’ para cantar em todos os meses do ano.

 

E eu sigo correndo na frente, temendo a fita da chegada...

 

Caminho sempre recordando o passado.

 

Enquanto isso, assisto pela TV ao espetáculo deprimente das obras públicas paralisadas neste país — e ao que isso significa para os cofres da União.

 

Aqui em Cuiabá, existem obras abandonadas há mais de quarenta anos, como o Hospital Central — agora chamado Hospital das Clínicas —, que já passou pelas mãos de oito governadores e segue inacabado.

 

O Hospital da Universidade Federal, na estrada de Santo Antônio, acumula mais de uma década de atraso, sem previsão de conclusão.

 

O conceito de hospitais com trezentos leitos já ficou no passado, mas ainda gastamos rios de dinheiro construindo essas estruturas ultrapassadas.

 

Precisamos de governos que levem a sério a saúde pública, criando a carreira de médico do Estado, como ocorre na magistratura, na Receita Federal e nas polícias federal e rodoviária.

 

As universidades por sua vez insistem em formar subespecialistas, que não atendem às reais necessidades do sistema público de saúde, enquanto o interior do Brasil segue sem médicos.

 

Todas as cidades brasileiras que conheci possuem, pelo menos um ‘esqueleto’ de obra pública de estimação abandonada, um monumento à ineficiência.

 

Cuiabá, então, é um verdadeiro cemitério de projetos inacabados!

 

Só as obras prometidas para a Copa do Mundo de 2014 já formam um paliteiro de construções inconclusas.

 

A mais emblemática de todas é a do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), planejado para desafogar o trânsito de una cidade com mais de seiscentos mil habitantes.

 

Inicialmente concebido como BRT, o projeto foi alterado para VLT, e seu custo inflacionado.

 

Os vagões foram comprados, e a estação central deveria ficar em Várzea Grande, em frente ao aeroporto.

 

Para viabilizar a obra, destruíram a principal avenida da cidade até a ponte Júlio Muller, levando comerciantes à falência.

 

O tráfego na avenida da Prainha foi comprometido, e até no Coxipó construíram um elevado cujo único propósito parece ter sido esconder a Cidade Universitária.

 

Depois, o projeto foi abandonado. Os vagões foram vendidos. E uma nova licitação foi aberta para implantar o BRT em Cuiabá.

 

A empresa vencedora pediu concordata e, desta vez, a avenida do CPA foi a escolhida para sofrer com as intermináveis intervenções — agora também paralisadas.

 

E os responsáveis por esse desperdício absurdo de dinheiro público?

 

Mais uma vez, o pagador de impostos pagará a conta.

 

Gabriel Novis Neves

25-02-2025






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