Confesso ter relatado que agora gosto muito de contar histórias.
Quando criança a minha mãe inventava histórias para eu dormir.
Crescidinho, eram as funcionárias da minha casa, mais da casa do meu avô, que faziam esse papel.
Daí o despertar para escrever histórias, já que não tenho crianças para me ouvir.
A cuidadora de plantão ao meu lado, leu no computador que eu gosto de contar histórias.
Quis saber por antecipação qual seria a história.
Disse que seria uma história verdadeira acontecida no dia 8 de maio de 1945, e eu tinha 10 anos de idade.
Ela disse que nessa data, nem a sua mãe havia nascido.
Foi o dia que terminou a segunda grande guerra mundial com a derrota do nazi fascismo na Europa.
Esta é a verdadeira história que escrevo hoje.
A data de 8 de maio de 1945, me marcou fortemente por estes acontecimentos:
01. Fim da 2ª Guerra Mundial com a vitória dos ‘pracinhas cuiabanos’, que combateram em território italiano, vencendo batalhas.
02. O povo cuiabano nas ruas comemorando a vitória, mesmo com perdas de seu efetivo de soldados.
03. O dia que toquei o sino da Catedral, sem permissão do Arcebispo de Cuiabá.
04. Foi quando mais fritei pastel para o bar do meu pai.
Foi uma festa em Cuiabá, após o locutor da Rádio Nacional do Rio de Janeiro Heron Domingues, anunciar que a guerra tinha acabada.
Foguetório na cidade, bares lotados, muita gente na rua, carros buzinando.
Estava no bar levando salgadinhos feitos por minha mãe.
Encontro meu colega de Grupo Escolar e da Catedral, o saudoso Carlos Eduardo Epaminondas.
Ele me convidou a tocar os sinos da igreja.
Tinha saído da sua casa, e a Rádio Nacional pedia para que todas as cidades do Brasil tocassem os seus sinos em regozijo pela paz mundial.
Eu e ele frequentávamos a Catedral, ajudávamos os padres celebrarem as missas, rezas, pegávamos brasa para o turíbio na casa da dona Elza Nigro, que ficava atrás da igreja.
Nunca subimos à torre para tocar sinos, por temer lutar com os morcegos, mas naquele dia tomamos coragem cívica e tocamos os sinos, em número de 3.
Quando os sinos da Catedral tocaram, as outras igrejas fizeram o mesmo.
O Palácio do Arcebispo queria saber quem deu as ordens para as igrejas da cidade.
Logo descobriram que foi a alegria de dois meninos de dez anos.
Retornei ao bar do meu pai, e este pediu que voltasse para casa, pois os salgadinhos haviam sido consumidos.
Prossegui fritando pasteis e levando para o bar, até terminar a massa da minha casa.
Essa é mais uma história verdadeira ocorrida há 79 anos.
Gabriel Novis Neves
24-09-2024
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