sexta-feira, 11 de outubro de 2024

CONTADOR DE HISTÓRIAS


Confesso ter relatado que agora gosto muito de contar histórias.


Quando criança a minha mãe inventava histórias para eu dormir.


Crescidinho, eram as funcionárias da minha casa, mais da casa do meu avô, que faziam esse papel.


Daí o despertar para escrever histórias, já que não tenho crianças para me ouvir.


A cuidadora de plantão ao meu lado, leu no computador que eu gosto de contar histórias.


Quis saber por antecipação qual seria a história.


Disse que seria uma história verdadeira acontecida no dia 8 de maio de 1945, e eu tinha 10 anos de idade.


Ela disse que nessa data, nem a sua mãe havia nascido.


Foi o dia que terminou a segunda grande guerra mundial com a derrota do nazi fascismo na Europa.


Esta é a verdadeira história que escrevo hoje.


A data de 8 de maio de 1945, me marcou fortemente por estes acontecimentos:


01. Fim da 2ª Guerra Mundial com a vitória dos ‘pracinhas cuiabanos’, que combateram em território italiano, vencendo batalhas.


02. O povo cuiabano nas ruas comemorando a vitória, mesmo com perdas de seu efetivo de soldados.


03. O dia que toquei o sino da Catedral, sem permissão do Arcebispo de Cuiabá.


04. Foi quando mais fritei pastel para o bar do meu pai.


Foi uma festa em Cuiabá, após o locutor da Rádio Nacional do Rio de Janeiro Heron Domingues, anunciar que a guerra tinha acabada.


Foguetório na cidade, bares lotados, muita gente na rua, carros buzinando.


Estava no bar levando salgadinhos feitos por minha mãe.


Encontro meu colega de Grupo Escolar e da Catedral, o saudoso Carlos Eduardo Epaminondas.


Ele me convidou a tocar os sinos da igreja.


Tinha saído da sua casa, e a Rádio Nacional pedia para que todas as cidades do Brasil tocassem os seus sinos em regozijo pela paz mundial.


Eu e ele frequentávamos a Catedral, ajudávamos os padres celebrarem as missas, rezas, pegávamos brasa para o turíbio na casa da dona Elza Nigro, que ficava atrás da igreja.


Nunca subimos à torre para tocar sinos, por temer lutar com os morcegos, mas naquele dia tomamos coragem cívica e tocamos os sinos, em número de 3.


Quando os sinos da Catedral tocaram, as outras igrejas fizeram o mesmo.


O Palácio do Arcebispo queria saber quem deu as ordens para as igrejas da cidade.


Logo descobriram que foi a alegria de dois meninos de dez anos.


Retornei ao bar do meu pai, e este pediu que voltasse para casa, pois os salgadinhos haviam sido consumidos.


Prossegui fritando pasteis e levando para o bar, até terminar a massa da minha casa.


Essa é mais uma história verdadeira ocorrida há 79 anos.


Gabriel Novis Neves

24-09-2024




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