Não
por acaso a Igreja Católica Apostólica Romana vem sobrevivendo através dos
séculos a um mundo tumultuado pelas inúmeras transformações.
Mesmo
apregoando valores éticos e morais estáticos, despidos de renovações, seus
representantes têm a capacidade de intuir, em momentos de crise, que caminhos
tomar para que a sobrevivência da Igreja seja mantida. Exercício de
inteligência genuína.
Desconheço
qualquer outro tipo de reunião da qual participem cento e quinze pessoas e que
seja mantido sigilo absoluto sobre os temas tratados. Esse é um ponto de grande
importância e que não costuma ser muito valorizado pelos observadores externos,
habituados que são ao vazamento de informações, por menores que sejam.
A
virada necessária foi no sentido de contemplar os povos menos favorecidos, no
caso os da América Latina, com um grande índice de analfabetismo e graves
problemas socioeconômicos.
Estatísticas
mostram que a Europa é um terreno bem menos fecundo. Países como França e
Inglaterra apresentam índices de população 50% agnóstica, e os outros 50%
distribuídos entre as outras várias seitas.
Belíssima
observação do Papa Francisco, se referindo à sua eleição: ressalta que os
cardeais foram buscá-lo lá no fim do mundo. O lado do subdesenvolvimento.
Mais
uma vez predominou o bom senso no conclave, tentando conter a hemorragia de
fieis, termo usado pela própria igreja se referindo à evasão de suas ovelhas para
outros rebanhos mais dinamizados aos tempos modernos.
Apesar
de temas básicos como aborto, uso de preservativos, abolição do celibato entre
os sacerdotes, relações homoafetivas, não fazerem parte de propósitos da Igreja
de Roma, quem sabe os nossos clérigos, num futuro próximo, possam dar um passo
além, até mesmo por questões de sobrevivência?
A
velocidade em que anda o mundo tecnológico não permite retrocessos, sejam eles
de que ordem for.
Atentas
aos avanços da ciência urge que as seitas, todas baseadas em dogmas, façam
modificações urgentes, diferenciadas das antigas baseadas em culpa e pecado.
O
mundo caminha em busca da paz e do perdão e tudo que a isso contrariar, estará
fadado ao desaparecimento.
Parabéns
ao mundo eclesiástico que percebeu esse momento!
O
Papa Francisco, com seu espírito alegre e levemente irônico, é uma boa opção de
transição que, forçosamente, virá num futuro não muito distante.
Sua
religiosidade, mais que a religião, é uma prova disso.
Compaixão
e humildade já é um ótimo início.
Gabriel Novis Neves
09-03-2013
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