segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Terapêutica econômica


Nada melhor para combater certas euforias do que a leitura de textos escritos por economistas famosos.
A medicina poderia muito bem utilizá-los para o tratamento da doença da moda - a bipolaridade.
As pessoas portadoras dessa doença apresentam momentos de tristeza, alternados com euforia incontrolável.
Ler matéria sobre economia é, como dizia a minha mãe: “É jogar água fria na fervura.” O governo brasileiro nos faz acreditar que vivemos em um país de céu de brigadeiro. Inteirinho azul, sem nenhuma nuvem.
Há um desastre econômico derretendo economias bem protegidas de países europeus, cuja moeda é o euro.
Dizem que os países contaminados pela crise se fizerem o dever de casa como mandam os seus tutores, é possível que, daqui a dez anos, estejam recuperados.
A economia americana passa também por momentos de ajustes, com o povo nas ruas reclamando maior atenção do governo.
Por aqui a grande preocupação é com as obras da Copa do Mundo e com as demissões, a pedido, de ministros.
Nossa economia está bem blindada com os juros altíssimos, a sangria da previdência e a corrupção bem organizada.
Encontrei na mesa do meu escritório um artigo escrito pelo Gustavo Franco, que foi presidente do Banco Central entre 1996 e 1999.
Fiquei pasmo com o que li. Não é meu desejo aborrecer ninguém nesta época de festejos. Como tenho poucos leitores, compartilharei com eles as minhas preocupações econômicas.
Tenho ou não razão de ficar preocupado, quando um economista do nível acadêmico do Gustavo Franco afirma, categoricamente, que o Brasil é igual à Grécia.
Gente! O quebra-quebra na zona do euro teve o seu início exatamente na Grécia, onde o povo saiu às ruas e derrubou o seu primeiro-ministro, e até hoje o governo não encontrou o caminho para sair da crise.
Falar que o Brasil é a Grécia, para um leigo, parece revanchismo político com fundo terrorista. O efeito Grécia se alastrou pela Europa, pegando Portugal, Espanha, ameaçando a França, Itália e países nórdicos.
A sólida Alemanha não está disposta a sustentar a Europa. Cobrado para explicar a frase de efeito, Gustavo Franco disse: “O governo grego paga juros baixos e tem problemas para rolar a sua dívida pública. Já o governo brasileiro rola a sua dívida com facilidade, pois paga juros exorbitantes. Como os gregos, nós temos uma situação fiscal ruim, um orçamento elaborado de maneira corrupta e desequilíbrios sérios nas contas públicas”.
Cláudio Gradilone afirma que Franco não faz ironia quando afirma que o Brasil é igual à Grécia. “As metas para o superávit primário só foram cumpridas pelo uso de malabarismos pela Fazenda. A previdência Social continua drenando os recursos do Tesouro. A carga tributária passou dos limites e a gestão pública não tem qualidade. Brasília teria tantos problemas quanto Atenas para vender os seus títulos no mercado financeiro”.
A notícia não é agradável, mas é o que dizem os economistas.

Gabriel Novis Neves
17-12-2011

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