De
todos os dias do ano este é o mais envolvido em crenças, superstições e
tradições.
Para
cumprir com todos os rituais que a nossa cultura nos impõe teríamos de seguir
uma liturgia quase impossível de ser executada.
A
começar pelo vestuário: qual a cor da roupa a ser usada nesta noite para nos
trazer saúde, paz, amor, dinheiro e muita felicidade no ano que está
alvorecendo? Parece que o branco da paz e o amarelo da fortuna são os
preferidos.
E
o tipo de comida para a ceia do Réveillon? Comer carne de animais que ciscam
para trás, como a galinha, estão vetadas para os supersticiosos, pois atrasam a
vida das pessoas.
A
carne de suínos, que é um animal que fuça pra frente, é a preferência
nacional.
Comer
peixe na virada do ano também se tornou uma tradição, pois faz bem para a saúde
e deixa o organismo mais leve – principalmente depois da comilança do Natal. O
bacalhau emplaca o topo desta lista. Ostra e camarão têm os seus simbolismos:
as ostras atraem coisas boas e camarão simboliza o riso fácil.
Sementes
de romã e de uva, em número de sete, têm de ser chupadas e seus caroços
guardados na carteira de dinheiro até o próximo dia 31 de dezembro. A uva
simboliza boa sorte e a romã dinheiro e bênçãos.
Outro
prato tradicional são as lentilhas, pois abrem caminho para a fortuna.
As
frutas são muito bem vindas como sobremesa. Uma grande bandeja com frutas
frescas variadas, principalmente as amarelas e alaranjadas – segundo reza a
crença elas lembram moedas de ouro e atrai dinheiro e sorte. E, de acordo com
as tradições orientais, não podem faltar as tangerinas, que representam o sol,
o grande doador da vida e da luz.
As
frutas secas ou cristalizadas, como figo, pêssego, ameixa, damasco e maçã, por
exemplo, significam sorte e fartura para o próximo ano.
A
bebida, lógico, é o vinho espumante, ou champagne. O vinho é considerado
sabedoria e vida. E, de preferência, servido em taças de cristal para purificar
as energias espirituais.
Lançar
ao mar flores, sabonetes, perfumes ou qualquer outro presente para Iemanjá na
virada do ano faz com que os nossos problemas sejam levados para o fundo do
mar.
E
por que devemos pular sete ondas? Segundo os gregos, o mar tem poder espiritual
para renovar nossas energias. Sete é um numero espiritual. Pulando sete ondas
você invoca iemanjá, e ela que dará forças para vencer as dificuldades do ano
que se inicia.
Passar
o ano em ambiente fechado ou aberto? Orando ou dançando? Em casa, clube ou
molhando os pés nas águas salgadas ou tomando banho de cachoeira?
Entrar
o ano pisando com pé direito ou não? Brindar com champanhe ou água natural? Com
música, fogos, abraços e beijos, ou simplesmente dormindo?
Essa
crueldade cultural que herdamos dos nossos antepassados nos traz, muitas vezes,
preocupações desnecessárias.
Seria
tão mais simples crermos somente que o primeiro dia de janeiro é dia de
esperança.
Neste
dia celebramos o Dia Mundial da Paz e a festa da Santa Mãe de Deus. E, nada
além dos cumprimentos e desejos de felicidades aos amigos e parentes, deveria
ser o ritual a seguir.
Crenças,
superstições e tradições. Por eles o primeiro de janeiro de cada ano é marcado.
Tudo voltado para a busca da riqueza, prosperidade e paz.
Confesso
que cumpro alguns desses rituais. Mas, não para buscar riqueza ou prosperidade.
Faço minhas mandingas em busca da paz.
A
paz que devemos buscar insistentemente, todos os dias do ano. Principalmente a
paz conosco mesmo. Entendo que nenhum ser possa ser feliz se estiver mal
consigo mesmo.
No
entanto, nada conseguimos sozinhos. É necessário que estejamos receptivos para
podermos receber toda a ajuda possível. Ajuda, principalmente, do Alto.
Gabriel
Novis Neves
31-12-2015
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