Vivemos
procurando uma forma de buscar este sentimento, meta de todos nós, ainda que
não saibamos exatamente onde encontrá-lo.
Apesar
das inúmeras definições de grandes pensadores, nenhuma delas traduz, em sua
plenitude, tudo aquilo que nós gostaríamos de sentir como verdadeiro.
Penso
ser uma espécie de utopia, da qual, quanto mais nos aproximamos, mais ela nos
parece distante, tamanha a nossa dificuldade em reconhecê-la.
André
Maurois, escritor francês, definiu felicidade como uma flor que não se deve colher.
Sartre
acha que a felicidade não está em fazer o que a gente quer, e sim, em querer o
que a gente faz. Parece-me bem mais coerente.
Descrever
a felicidade é diminuí-la, segundo Henry Stendhal.
Assim
mesmo, quando menos espero sou surpreendido trocando ideias com amigos sobre a
felicidade na vida.
Dia
desses, um dos meus interlocutores disse que deveríamos viver duas vidas - uma
para ensaiar e outra para atuar.
A
conclusão que ele chegou, já estabelecido na casa dos setenta anos, é que é
inviável ser feliz sem ter treinado antes.
Daí
a importância de uma infância feliz para o resto da vida.
Na
sua tese, os frustrados nunca viveram momentos felizes nos seus primeiros anos
de vida, por isso não conseguem ser felizes na maturidade e na velhice.
Não
há técnica e nem treinamento para essa fase do nosso ciclo vital - e como é
fácil ser feliz na infância!, apesar das inúmeras agruras a que somos
submetidos pelas chamadas regras da civilização.
Livramo-nos
dos inúmeros "nãos” recebidos quando em contato total com a natureza, com
suas montanhas seus rios, suas lagoas e cachoeiras.
Os
bichos e os jardins domésticos são um santo remédio também para a cura do
estresse, um dos males da vida moderna.
A
colheita de produtos hortifrutigranjeiros é um excelente exercício para o
encontro da felicidade.
Dessa
forma, as crianças interioranas são bem mais privilegiadas que as que vivem nos
grandes centros urbanos.
O
ar puro que se respira nesses ambientes simples, desprovidos das torres de
concreto e do asfalto encobrindo o chão da saudável vegetação rasteirinha,
aliado à maior sensação de liberdade, tornam essas pessoas mais aptas a
momentos mais frequentes de felicidade na vida adulta, com menores cobranças.
A
beleza da noite caindo, trazendo uma ligeira queda da temperatura, com as
estrelas povoando o azul do céu.
O
despertar com o som da orquestra dos pássaros, dos animais vadios das ruas e
aves do dia ainda escuro, é pura poesia no dia a dia.
Quantos
momentos felizes que um “dimaior” do interior do Brasil tem arquivado em seus
neurônios!
O
aconchego de uma família de amigos, onde a amizade constitui o alicerce
permanente para uma vida feliz, completa a sensação de bem estar comum em
cidades menores.
Desencontros
sempre existem, mas, se formos treinados valorizando o sentimento da amizade,
não há possibilidade de uma separação definitiva.
O
excesso de cobrança na nossa educação, onde o exemplo silencioso é nosso
professor maior, nos assegura uma felicidade adulta.
Faz
bem pensar em momentos felizes anteriores, não para que eles se repitam, porque
o passado é passado, mas, para reconhecer que fomos treinados para viver com
tranquilidade e paz os dias atuais.
Nossos
pais eram bem menos estressados, aliás, nem havia essa conotação para as
angustias existenciais presente em todos nós e, por conseguinte, as nossas
infâncias demandavam menos obrigações e menos deveres e, principalmente, menos
competição.
Gabriel
Novis Neves
19-10-2015
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