Há
certos dias em que acordamos com vontade de mudar o mundo. Mas, isto é pura
utopia – somente podemos mudar a nós mesmos. O que não é uma tarefa fácil.
Nestes
dias aparece aquela vontade louca de desaparecer com tudo aquilo que guardamos
e que jamais iremos usar.
Não
precisamos de muito para viver com qualidade.
Entretanto,
talvez marcados por problemas culturais, somos relutantes em distribuir certos
bens acumulados ao longo dos anos.
Um
simples exemplo: quantas peças de roupa dormem no armário esquecidas por nós. E
o que é pior - não pretendemos mais usar, ou porque não nos cabe mais ou porque
está fora de moda.
Guarda-roupas
abarrotados de inutilidades para nós e, com certeza, de necessidades para
muitos.
Falta-nos
coragem (!) para doar toda essa tranqueira vergonhosa para Instituições de
Caridade, carentes de calor humano e solidariedade para suprir suas mínimas
necessidades materiais.
Nesses
momentos de lucidez, até vontade de mudar de cidade temos - para a utopia da
vida feliz em completo anonimato sem nenhum conhecido, seja em qualquer lugar
deste Planeta.
Quanto
menor a cidade, melhor para acolher esses arroubos de mudanças radicais.
Novas
amizades terão de ser conquistadas, de preferência com os mais simples,
despojados desses valores que decidimos abandonar.
Nosso
passado não levaríamos, assim como nossa profissão. Uma nova profissão
aprenderíamos por lá, nessa metamorfose programada.
Seria
possível suportarmos uma transformação tão radical?
Creio
que sim. Reencontraríamos a joia da motivação para vivermos de bem com os
nossos desejos.
Não
acredito que causaríamos sofrimentos, já que “o sofrimento é um bem pessoal e
intransferível”.
Atormenta-me
é saber que existe uma força que nos impede de fazer aquilo que desejamos.
Se
nós quiséssemos, tudo seria resolvido.
Passado
esse surto de desejos nos comportamos como os porcos daquela historinha bem
conhecida: eles são colocados em um número excessivo na carroceria de um
caminhão. Ficam amontoados sem espaço. Basta o caminhão rodar alguns metros por
essas estradas esburacadas e os espaços surgem, e os porcos vão se ajeitando
para sua última viagem até o frigorífico.
Com
a gente tudo passa. Nossas vidas continuam cheias de entulhos e frustrações.
Gabriel Novis Neves
07-12-2013
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