quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Imitação

Conheço e admiro muitos tipos de arte. A mais interessante de todas, é a arte da imitação. Como essa arte se alastrou por este país! Parece até uma pandemia. Os marqueteiros políticos são pródigos em ensinar esta arte aos seus clientes – visando o sucesso eleitoral. Aquele candidato que não possuir o dom para a imitação, o melhor é desistir de ser político, nem mesmo devem se aventurar a uma candidatura.

Falei que a arte da imitação é muito interessante. Realmente. Só que tem um detalhe: a imitação pode ser feita de forma elogiosa, ou insultuosa. No caso específico a que me refiro, os marqueteiros optam pela forma mais paranóica de imitação. O que, ou a quem tentam imitar, ainda é um mistério. Mas, que os candidatos estão vestindo uma máscara, isto estão.

As regras do manual da imitação são simples e curtas. Citarei como exemplo alguns itens básicos a serem seguidos:

- procurar ao máximo ser prepotente e arrogante; quando for vítima de alguma pergunta sobre um assunto indefensável, dizer sempre não saber de nada e nunca ouviu falar sobre tal assunto; mentir o máximo que puder, pois a população brasileira não possui escolaridade para distinguir uma mentira de uma verdade; ensinar a população a fazer, o que você nunca fez; desestimular ao máximo os jovens a estudar; frisar que a profissão do futuro é ser lobista.

Com estes ensinamentos básicos as suas eleições ou re-eleições estarão garantidas – esclarecem os marqueteiros. O segundo passo é ensinar como administrar o poder: em primeiro lugar esquecer tudo o que disseram, por imitação, no período eleitoral; procurar se unir aos seus inimigos, e abandonar rapidamente os seus amigos; não se esquecer de lotear o governo e conceder aos auxiliares mais diretos, o credenciamento de um escritório de lobby - os escritórios são importantes para acelerar a lenta tramitação dos processos na pesada e ineficiente máquina burocrática do poder; conceder emendas para parlamentares, dentro do critério de aprovação de leis dos interesses do governo; não confundir nunca interesses do governo com interesses do povo; não aumentar o valor das aposentadorias dos velhinhos - interesse do povo e não do governo; diminuir benefícios adquiridos pelos funcionários públicos - interesse do governo; enterrar ou, melhor, evitar Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) para investigar roubos - interesse do governo.

Os imitadores, já no poder, ficarão desgastados perante a opinião pública, mas jamais esquecidos pelo governo. E a opinião pública é igual nuvem. Logo desaparecem.

Conheço vários exemplos da utilidade dessas regras básicas de imitação. Que o diga a senadora do Acre, e a única daqui.

Lembrem-se: os não partidários dos sagrados ensinamentos do livro da imitação, estarão sumariamente condenados ao ostracismo político, entre as várias ferramentas da retaliação, tão do agrado desse pessoal.

Infelizmente nestas eleições, vencerão os adeptos dessa estranha arte da imitação. Imitando algo que nem me atrevo a pensar.


Gabriel Novis Neves (7.5+79)

23-09-2010

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