domingo, 28 de março de 2010

DESESPERO

É aflição, angústia, desesperança diz o Houaiss no seu Dicionário da Língua Portuguesa. O filósofo dinamarquês Kierkegaard (1849) traduz o desespero humano como uma doença e não remédio. Diz ser um mal maior que a morte. Procurei uma definição poética para desespero: “Retrospectivas me enjoam. Não preciso de ninguém para me lembrar da composição química das lágrimas que, teimosas, insistiram em hidratar meu rosto, do álcool que bebi para fugir do mundo, e dos beijos que não dei, por vergonha ou tristeza, tanto faz”.

De posse dessas definições, vou tentar decifrar o que quis dizer o vice que deseja ser titular, quando classifica as inaugurações das obras da Prefeitura de Cuiabá, como sinal de desespero. Seria a palavra desespero na visão do vice que deseja ser titular, “idealizar e construir uma avenida melhorando a vida da população mais pobre?” Ou seria desespero “idealizar e construir uma estação de tratamento de águas, para servir a população mais carente de Cuiabá?” Será que o vice entende desespero como melhorias para a qualidade de vida do povo que pretende governar? Estranho! Será que essa palavra ganhou novos significados que por ora me foge a compreensão? Não consigo encaixá-la em nenhuma das definições estudadas.

Do outro lado noto uma euforia incontida. O governo do estado inaugurou a indispensável sede nova do SINE. Está reformando o prédio que abrigará a área administrativa da Copa 2.014. Estão em preparativos para o lançamento da pedra fundamental do novo Verdão. O espetáculo das quinhentas e vinte viaturas da polícia no estacionamento, aguardando data para ser distribuída, para policiais com coletes de proteção vencidos. Enquanto espera, o pobre do Ságuas quase perde a vida numa tentativa de seqüestro. E eles numa euforia semelhante aquela do Obama ao conseguir autorização do Congresso Americano para a reforma da saúde pública nos Estados Unidos. Aqui o problema foi resolvido com a aquisição de quinze modernas ambulâncias, do tipo UTI-MÓVEL!

A língua portuguesa continua igual ao Rio de Janeiro: ”Continua linda”, mas difícil de ser entendida. Que desespero!

Gabriel Novis Neves
26/03/2010

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