quarta-feira, 17 de março de 2010

Como explicar

Saio da academia de ginástica, pego meu carro e – ato quase automático – ligo o rádio. E lá estava ela! A ex-ministra de Minas e Energia explicando, ou tentando explicar, sobre os constantes cortes de energia que estão acontecendo quase que diariamente por todo o Brasil. Como é uma pessoa importante do governo, procuro ficar atento às explicações. Quem sabe eu entendo né?

Com voz professoral começou por ensinar aos ignorantes ouvintes, a diferença existente entre apagão e corte de energia: “Apagão aconteceu no governo passado. Neste governo existe corte de energia, que é outra coisa.” O entrevistador lhe solicita então que explique melhor esta diferença. Ela até que tenta explicar. Entretanto se perde no meio de explicações técnicas numa clara demonstração de falta de conhecimento nesta área. Confusa, fala nada com coisa alguma, deixando em nós, pacienciosos ouvintes, a impressão de ser mais uma daquelas famosas enganações visando angariar os preciosos votos.

Dá para confiar em gente que não fala a verdade? Ou que fala meia-verdade? Mas a verdade é que, aqui em Cuiabá, estamos sem energia. Os motivos? Sei lá! Talvez por falta de planejamento; recursos para modernização do setor; má gestão; aparelhamento da área técnica por políticos sem conhecimento técnico ou por briga com o padre do Paraguai onde está a usina de Itaipu – enfim, podem ser tantos os prováveis motivos que só pensar em enumerá-los dá agonia.

Aqui em Cuiabá – terra dos recordes - há pouco tempo vivenciamos um superapagão noturno, o maior dos últimos tempos. Dos apagões, agora chamados de corte de energia, somos vítimas quase diariamente. Também não tem horário certo para acontecer... Pode ser de madrugada, logo ao clarear do dia, à tarde, e mais freqüentemente, à noite. Hoje o corte de energia, segundo a ex-ministra, aconteceu às 11:00h no meu bairro. Se isso que sofremos na própria carne não é apagão, que o governo atual tome as providências necessárias e urgentes para sanar este irritante problema – seja ele o nome que tiver.

E quanto a nós? Pobres pagadores de impostos exorbitantes? O que recebemos? Eu respondo: recebemos discussão entre o passado e o presente - que daqui a um pouquinho irá para o lixão do passado. E sobre o nosso futuro? Dos nossos filhos, netos e bisnetos? No momento o que vejo é um legado não muito recomendável.

O Brasil precisa de investimentos principalmente nas áreas formadoras de gente saudável e competente, e dinheiro para melhorar ou construir um sistema de infra- estrutura. O trabalhador brasileiro está fazendo a sua tarefa de casa, trabalhando cada vez mais para o enriquecimento do país, pagando os seus impostos sem receber a contrapartida essencial como educação, saúde, segurança, trabalho digno e esperança de dias melhores.

Por outro lado, realizamos todos os caprichos dos nossos hermanos cocaleiros, padre-reprodutor, coronel desparafusado e do finado comandante matador! Humanitários que somos, emprestamos dinheiro aos nossos pobres amigos, outrora inimigos do Fundo Monetário Internacional (FMI). Perdoamos as dívidas dos países pobres africanos e ajudamos outros da América Central. Carinho especial para a sobrevivência das ONGs, tão necessárias ao desenvolvimento nacional - assim como dos movimentos sociais. A mais recente preocupação do Brasil é dar uma mãozinha ao Irã ajudando-o em tecnologia nuclear. Ah, sim ia me esquecendo, dos intercâmbios culturais para acelerar seu desenvolvimento preparando-o, para num futuro próximo, pertencer ao MERCOSUL. Tem mais, tem mais, somos muito generosos! Vamos ajudar aquela coroa da terra do tango, para outra guerra suicida. “As Malvinas são da Argentina” é a ordem brasileira. Sobre os cadáveres de Cuba o Brasil não opina para não ferir a autonomia de um país democrático e amigo. Enquanto isso o jato francês não para de voar nem para manutenção, e faltam recursos para impedir o apagão do passado ou o corte do final do presente.

Há explicação? Se há, não entendemos nada – nem nunca entenderemos.

Gabriel Novis Neves
11/03/2010

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