Acaba
de ser executado por fuzilamento o primeiro brasileiro na Indonésia - umas das
sessenta nações que ainda mantém esse tipo de pena de morte.
Realmente,
entrar num país com treze quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa
delta, não pode ser considerado um ato banal.
Para
nós aqui na terrinha essas coisas passam batidas e, a rigor, fazemos vista
grossa para essas filigranas, já que o mercado das drogas, bem como o das
armas, são os mais rendosos no mundo.
Nossas
fronteiras são mal vigiadas e com frequência figuras do alto escalão aparecem
beneficiadas por esse comércio robusto.
Temos
dificuldade de entender que países onde as leis são obedecidas se comportem
diferentemente.
O
rapaz em questão, oriundo de família da alta classe média brasileira, aliás,
com bastante influência política nas décadas de cinquenta e sessenta, estava
preso na Indonésia desde 2004, tentando se livrar da pena de morte, solução
adotada pelo país para esse tipo de crime.
Eu,
pessoalmente, sou contrário à pena de morte, pois não acredito na justiça dos
homens. Ninguém tem o direito de tirar a vida de seu semelhante.
Consigo
entender que países como a Indonésia, de índices baixos de criminalidade,
queira combater a entrada de drogas para a sua população, o que já vem
ocorrendo de forma preocupante.
Apesar
de toda comoção que nos causa perder um brasileiro no auge de sua vitalidade de
forma tão cruel, isso não deve chegar ao nível de desentendimento entre os dois
países, como querem sugerir as nossas autoridades diplomáticas.
Afinal,
leis existem para serem cumpridas, a menos que optemos por um estado anárquico
cujas consequências bem sabemos quais são.
Mesmo
solidários com a família desse rapaz, importa que não transformemos
determinações legais de outros países em crises internacionais graves.
Não
mostramos tanta comoção quando sabemos que a nossa polícia é uma das que mais
mata no mundo.
Como
as populações da periferia, menos favorecidas, são as mais atingidas, nunca vi
nenhuma figura do poder estabelecido se insurgir contra essas injustiças que,
de tantas, já nem comovem mais a população.
É
bom que façamos essa reflexão antes de nos arvorarmos em defensores da ética e
dos direitos humanos enquanto ainda permanecemos bem distanciados disso em
nossa própria pátria.
Gabriel
Novis Neves
17-01-2015
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