quinta-feira, 18 de julho de 2013

Manifestos distintos

Diferenças cruciais separam as chamadas manifestações do “Passe Livre”, ocorridas em junho, dessas últimas de 11 de julho, organizadas pelas centrais sindicais e pelos partidos.
As primeiras, desencadeadas através das redes sociais, sem bandeiras políticas, sem carros de som, apenas movidas pela emoção e pelo desencanto de todo um povo com a sua classe dirigente.
As últimas, voltadas, principalmente, para direitos pessoais e trabalhistas, contaram com a organização e a parafernália dos grandes partidos e, mesmo assim, não conseguiram levar para as ruas nem a quantidade nem o impacto emocionante de uma massa cônscia de seus reclamos.
Aliás, o Brasil é um dos únicos países do mundo em que os próprios partidos do governo saem às ruas para reivindicar as suas próprias pautas. Cômico e inusitado.
O que se observou foi um movimento esvaziado, bem aquém das expectativas de seus organizadores, que apenas conseguiu tumultuar em todo  o país o livre ir e vir de seus habitantes, ávidos pelo cumprimento de mais um dia de trabalho.
Realmente, a avaliação dos nossos políticos anda muito falha, eu ousaria dizer até, despida de sensibilidade.
Esquecem-se de que o poder é muito fugaz, e está sujeito a um jogo de forças, nem sempre coerente com as suas próprias perspectivas e aspirações.
É justo contra isso, esse poder explícito e não representativo que a todos ignora, que a sociedade,  como um todo, tenta se rebelar.
Urge que se estabeleça um real equilíbrio entre a sociedade civil e o poder, e que seus representantes, legalmente eleitos em bem menor número, possam entender que o mundo clama por mudanças e que seus pequenos reinados se tornaram obsoletos.
Não somos mais súditos de reis ou de rainhas e exigimos o surgimento de uma sociedade participativa  em que a maioria opine em relação ao que é melhor para ela.
Nós, que  rejeitamos o título de pertencentes ao terceiro mundo, porque não copiamos, por exemplo, de uma Inglaterra em que, justo agora, sua classe política rejeita um aumento salarial para 2014 por considerá-lo injusto e desnecessário.
E olha que eles ainda têm um regime monárquico.
Toda uma cultura tem que ser mudada e acho, como bom otimista que sou, que estamos caminhando para lá.

Gabriel Novis Neves
12-07-2013 

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