Diferenças
cruciais separam as chamadas manifestações do “Passe Livre”, ocorridas em
junho, dessas últimas de 11 de julho, organizadas pelas centrais sindicais e
pelos partidos.
As
primeiras, desencadeadas através das redes sociais, sem bandeiras políticas,
sem carros de som, apenas movidas pela emoção e pelo desencanto de todo um povo
com a sua classe dirigente.
As
últimas, voltadas, principalmente, para direitos pessoais e trabalhistas,
contaram com a organização e a parafernália dos grandes partidos e, mesmo
assim, não conseguiram levar para as ruas nem a quantidade nem o impacto
emocionante de uma massa cônscia de seus reclamos.
Aliás,
o Brasil é um dos únicos países do mundo em que os próprios partidos do governo
saem às ruas para reivindicar as suas próprias pautas. Cômico e inusitado.
O
que se observou foi um movimento esvaziado, bem aquém das expectativas de seus
organizadores, que apenas conseguiu tumultuar em todo o país o livre ir e
vir de seus habitantes, ávidos pelo cumprimento de mais um dia de trabalho.
Realmente,
a avaliação dos nossos políticos anda muito falha, eu ousaria dizer até,
despida de sensibilidade.
Esquecem-se
de que o poder é muito fugaz, e está sujeito a um jogo de forças, nem sempre
coerente com as suas próprias perspectivas e aspirações.
É
justo contra isso, esse poder explícito e não representativo que a todos
ignora, que a sociedade, como um todo, tenta se rebelar.
Urge
que se estabeleça um real equilíbrio entre a sociedade civil e o poder, e que
seus representantes, legalmente eleitos em bem menor número, possam entender
que o mundo clama por mudanças e que seus pequenos reinados se tornaram
obsoletos.
Não
somos mais súditos de reis ou de rainhas e exigimos o surgimento de uma
sociedade participativa em que a maioria opine em relação ao que é melhor
para ela.
Nós,
que rejeitamos o título de pertencentes ao terceiro mundo, porque não
copiamos, por exemplo, de uma Inglaterra em que, justo agora, sua classe
política rejeita um aumento salarial para 2014 por considerá-lo injusto e
desnecessário.
E
olha que eles ainda têm um regime monárquico.
Toda
uma cultura tem que ser mudada e acho, como bom otimista que sou, que estamos
caminhando para lá.
Gabriel
Novis Neves
12-07-2013
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