segunda-feira, 22 de abril de 2013

Blindagem


O termo em si nos arremete, prioritariamente, a armamento pesado e guerra. Isso até há algum tempo atrás.
Atualmente, de imediato, associamos o termo à política escusa vigente em nosso país.
Práticas políticas pouco transparentes, e a perda cada vez maior de posturas éticas, vêm fazendo com que seus praticantes, aliás, em grande número, se preocupem com a blindagem no tocante à opinião pública.
Com relação aos sentimentos, a blindagem progressiva que vem ocorrendo nada mais é do que um aprofundamento do embotamento afetivo ocorrido no mundo pós-moderno.
Imagino que o termo sofrimento, que tanto inspirou nossos poetas em eras não tão distantes, esteja sendo proscrito do nosso dia a dia.
Não só drogas poderosas são usadas como antídoto, mas também a propalada atitude de alegria perene vinculada nas diversas mídias. Ambas igualmente perigosas.
É impressionante a tentativa subliminar, e atualmente nem tanto, de impedir que nos entreguemos aos nossos verdadeiros sentimentos.
O sofrimento é válido na medida em que nos permite, através dele, exorcizar todas as nossas mágoas e assim metabolizar todas as enzimas prejudiciais por ele geradas.
Impossível querer impedir o livre escoamento das emoções, e muito menos blindá-las.
Como se já não bastasse, “arrebentar”, “detonar”, “arrasar”, “bombar”, símbolos atuais de sucesso, também agora estamos nos acostumando a tudo “blindar”, inclusive a nós mesmos.
Que tristeza, não?
Será essa a solução para um mundo melhor?
Tudo leva a crer que não, uma vez que as doenças só fazem aumentar, apesar do grande desenvolvimento tecnológico.
As drogas inundaram as grandes cidades, a fome continua dizimando países e a guerra é uma ameaça constante para a humanidade.
Altas potências se preocupam no momento em “blindar” os seus territórios.
Círculo vicioso de difícil desmonte.

Gabriel Novis Neves
01-04-2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.