Ao pegar no armário uma agenda nova, daquelas de duzentas folhas e do tamanho de um caderno, me dei conta da responsabilidade que assumi comigo mesmo em 2010. Já era a terceira agenda que iria usar.
Publico um artigo por dia, mas tem dias que escrevo mais de um. E antes que me perguntem, eu confesso: escrevo primeiro na agenda, depois é que digito. Gosto dessa intimidade com a caneta. Tenho, portanto, um bom estoque no meu almoxarifado.
Gosto de escrever artigos atemporais. Eles ficam por vezes no depósito por longo tempo - aguardando uma oportunidade, ou não, de serem conhecidos. Muitos são abortados, ou ficam somente para os meus olhos.
Já aqueles referentes a fatos atuais exigem uma publicação imediata. Diante da exuberância do nosso dia a dia, são os da preferência para a publicação.
Nesse trabalho de fotógrafo lambe-lambe das coisas da minha cidade, a agenda é um instrumento importante. Ela está sempre debaixo do meu braço nos meus deslocamentos. Sempre anoto na minha inseparável agenda o que vejo de interessante para não esquecer. São meros rabiscos daquilo que será, ou não, convertido em artigo na tela do computador.
Com o preenchimento das duas agendas, me assustei sabendo que terei ainda quase cinqüenta dias para encerrar o ano.
Será que nessa afoiteza de escrever sem parar não pioro a qualidade da produção? É o que às vezes me pergunto. Por isso nem gosto de ler o que já escrevi e publiquei. Tá feito. Mas, sinto uma necessidade acumulada de desabafo que preciso drenar do meu inconsciente. É uma terapia.
Seja qual for o motivo, escrevo. Gosto também saborear uma longa e interminável conversa. Na comunicação escrita uma incompreensão pode originar um desconforto entre o leitor e o autor. Dificilmente uma conversa termina mal, um artigo, por vezes, sim.
Enfim, sinto necessidade e gosto muito de escrever. Escrevendo, discuto antigos problemas crônicos da nossa sociedade, narro o encantamento que a natureza me proporciona, conto casos que presenciei e que achei interessante, falo da beleza ou da feiúra do ser humano – da alma, bem entendido. Escrevo até quando não tenho assunto – caso do presente artigo.
Vou procurar me conter, para não preencher a terceira agenda ainda este ano.
Gabriel Novis Neves (7.5+134)
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