quarta-feira, 21 de julho de 2010

QUE VERGONHA!

O nosso militar sertanista continua um ilustre desconhecido para a grande maioria da população do seu Estado natal. Admirado no mundo todo, foi considerado um dos seus cincos maiores andarilhos. “Contribuiu para o conhecimento etnográfico, antropológico, lingüístico, geológico, botânico e zoológico do interior do Brasil”. Estou me referindo ao esquecido Cândido Mariano, como é conhecido pela sua gente. Universalmente é Rondon.

16 de julho bem que poderia ser para nós - “O Dia da Frustração”. Em 1950 no Maracanã, diante 200 mil pessoas perdemos a Copa do Mundo. Em 2010 caímos no anedotário nacional como o “estado escuro”, por falta de transparência do governo em explicar como gastou o nosso dinheiro dos impostos. E o mais grave do dia “16 de julho”: nesta data, no Rio de Janeiro, aconteceu o lançamento do “Projeto Memória Rondon: A Construção do Brasil e a Causa Indígena”. O “evento foi no Museu do Índio na capital fluminense” - nos informa Leidiane Monfort do jornal A Gazeta.

Que vergonha para nós! As nossas autoridades não compareceram ao ato. Preferiram o tradicional arrastão procurando votos. Devemos nos envergonhar e pedir perdão aos nossos verdadeiros heróis. Os vivos necessitam de solidariedade, os mortos de homenagens! Rondon foi predestinado a ser mais reconhecido fora do seu Estado do que aqui. Vejamos: a cidade de Rondonópolis, algumas escolas com seu nome e a Rua Cândido Mariano - essas as maiores homenagens que o nosso Estado prestou a ele.

O aeroporto de Várzea Grande tinha um nome de batismo: “Maria Thereza Goulart.” Veio a revolução de 64. O nome da 1ª dama do Brasil não poderia continuar. Graças a Deus encontraram a unanimidade no já falecido Marechal Rondon. Em Cuiabá ainda existe uma ONG designada de “Amigos de Rondon.” Os seus fundadores estão na eternidade, na sua maioria. Enquanto Ramis Bucair estiver vivo, Rondon será lembrado. Depois...

O 1º projeto cultural da Universidade da Selva foi o Museu Rondon. Os “amigos de Rondon” inauguraram o seu busto na entrada do campus. Em 1981 o famoso arquiteto Sérgio Bernardes esteve em Cuiabá a convite da Uniselva. Jantamos no restaurante - residência da querida Telê Bastos. Dunga Rodrigues foi convidada para o piano. Sérgio Bernardes comeu tanto que tive que ficar caminhando com ele pelo centro de Cuiabá. Naquela época não era passeio de alto risco. Na Praça Alencastro onde há um busto do Rondon, Bernardes me pergunta se existia o Memorial Rondon. Envergonhado respondo que não. Meses depois, sem ônus, o arquiteto famoso brindava Mato Grosso com um Projeto do Memorial Rondon. Era para ser construído no local do seu nascimento. O projeto era uma homenagem ao Estado de Rondon. Eu repassei o projeto à Secretaria de Cultura do Estado. Nunca mais tive notícias dele. Acho que perderam. O Estado jamais se preocupou com a memória dos construtores desta civilização.

Como ficaremos ao receber, na terra de Rondon, a exposição itinerante do nosso Marechal Rondon que percorrerá oitocentos municípios brasileiros? Talvez escondidos na arena multiuso.

Que vergonha!

Gabriel Novis Neves (7.5 + 16)
22-07-2010

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