quarta-feira, 20 de novembro de 2024

O GOLPE DO PRATO DE COMIDA


Conheço vários golpes, desde os mais simples até aos sofisticados da internet.


Bem antes da TV e mídias sociais chegarem, os estudantes de Mato Grosso que conseguiam estudar fora de Cuiabá, ficavam em casas de parentes, repúblicas, pensões, casas dos estudantes e arrumavam um jeito de se manterem na cidade grande.


O Rio de Janeiro, por ser a capital federal, era a cidade preferida dos cuiabanos.


Durante a ditadura Vargas, um político cuiabano de grande prestígio, quebrou muito galho dos estudantes mato-grossenses.


Se fossem estudantes de medicina, com aulas o dia todo, ele os contratavam como detetives do cassino da Urca.


E ainda os orientavam que o jantar era no cassino, com comida farta e deliciosa, tudo de graça.


Podiam comer à vontade, menos consumir bebida alcoólica.


Não precisavam bater ponto, e ainda portavam uma carteirinha da polícia, que valia ouro.


Os estudantes de outros cursos universitários eram alocados pelos ministérios e autarquias.


Ajudou centenas de estudantes carentes que, quando retornavam ao seu torrão natal com diploma universitário, transformavam-se em seus cabos eleitorais qualificados.


Isso é um tipo de golpe chamado de ‘prato de comida’.


Outros colegas encantavam as mães das moçoilas casamenteiras da zona norte do Rio de Janeiro.


Elas acompanhavam as filhas nas noites dançantes dos diretórios acadêmicos.


Com a repetição das noites dançantes, logo as mães das meninas, sabedoras que o dançarino era do interior, o convidava para almoços e jantares.


Mais uma vez o ‘golpe do prato de comida’ terminava em casamentos com os jovens médicos.


O hábito de comemorar vitórias gratificantes com final na mesa de comida é bem antigo.


Um pedido de namoro, uma promoção no serviço, um negócio acertado, sempre terminava em um almoço ou jantar em restaurante famoso, onde o preço é elevado e a comida é pouca.


Essa herança de tudo resolver com um bom almoço ou jantar parece ser dos europeus, o país não sei, talvez a Itália.


O golpe do prato de comida, permanece até hoje.


Almoçar na casa da namorada, de um político importante ou do chefe da repartição é compromisso sério.


Gabriel Novis Neves

24-10-2034





APESAR DAS FALHAS


Embora a internet tenha facilitado, e muito, as comunicações, temos que insistir para resolver os nossos problemas com ela!


A internet da minha casa está funcionando com seguidas quedas, dificultando o meu trabalho.


Fiz cinco ligações para a Operadora, respondi inúmeras perguntas feitas pelo robô, que desligou no momento que eu aguardava o atendente.


No final entrei no aplicativo do meu celular.


Após a visita técnica domiciliar há duas semanas, o técnico constatou que precisava trocar o moldem por um mais moderno, e ligar com cabo o moldem com adaptador ao meu laptop.


Com isso ficaria livre das quedas da internet.


O técnico que veio aqui deixou o número do seu celular, que é de Brasília, para que eu lhe informasse sobre o andamento das quedas da internet.


A base dele é Brasília, mas seguidamente vem à empresa em Cuiabá para ajudar, devido ao número insuficiente de técnicos contratados.


Logo pela manhã entrei em contato com ele via celular.


Ouviu com atenção as minhas lamentações quando pedi a sua ajuda.


Ele me respondeu que estava em Brasília, mas ia entrar em contato com o pessoal daqui para abrir uma chamada para me atender e ofereceria o seu diagnóstico.


A Operadora local depois de muito insistir, agendou uma visita técnica para daqui a três dias, no período da manhã.


Fico na torcida para que o técnico traga um novo moldem, com cabo e adaptador.


Pensei em chamar um técnico particular, mas este não tem o moldem para trocar.


Só o cabo e adaptador.


Ficarei na espera para ver como essa novela terminará.


Outra situação vivida hoje foi com relação ao meu exame de sangue de coleta domiciliar.


Tive que insistir muito para que o pedido fosse lançado no sistema do meu plano de saúde.


Outra besteira tecnológica foi a de querer mostrar o amor às minhas bisnetas, postando no Instagram as fotos do almoço de domingo em minha casa.


Mostrei o que não podia, e avisado apaguei o aplicativo.


Quando o meu neto vier me visitar vou insistir para ele reinstalar o Instagram e me ensinar a postar corretamente fotos da família.


Gabriel Novis Neves

18-11-2024




segunda-feira, 18 de novembro de 2024

NOTÍCIAS DO BRASIL


Consultei O Globo, Folha de São Paulo, UOL, CNN para saber o que está acontecendo no Brasil.


Nenhuma novidade, e as notícias são as de sempre.


A luta crônica sobre o corte de gastos públicos.


O Presidente consultado respondeu: se for para cortar gastos com pessoal, que cortemos de militares, políticos, judiciário, tribunal de contas e empresas.


Os militares resistem a ser incluídos no pacote de gastos.


Uma ala do Supremo Tribunal Federal, admite a necessidade de rever penduricalhos, que faz com que seus salários ultrapassem o teto constitucional.


Dizem que o pior acontece com a remuneração de juízes, promotores e desembargadores dos Estados, com incríveis penduricalhos ultrapassando, e muito, o teto permitido.


A diminuição de gastos públicos só atinge os servidores de baixos salários, onde os cortes institucionais são frequentes.


Nesses casos a justiça é chamada e raramente dá ganho de causa a esses servidores de segunda classe.


Os deputados e senadores estão fora dessa discussão de corte de gastos, produzindo uma cascata de benefícios.


A Universidade de São Paulo (USP) retorna ao topo das melhores universidades da América Latina, seguida pela de Campinas (UNICAMP) e mais três do Brasil, num grupo de dez.


Isso significa um esforço tremendo de professores, pesquisadores, servidores e alunos.


Todos sabem que professores universitários ganham uma merreca, levando excelentes professores à migrarem para a iniciativa privada ou trabalho liberal em seus escritórios e consultórios.


Dos dez melhores hospitais da América Latina, quatro estão na capital de São Paulo, sendo os dois primeiros o Albert Einstein seguido do Sírio Libanês.


O Brasil registra sessenta e seis mil pessoas à espera para fazer transplantes de órgãos.


Há necessidade de uma campanha nacional, para conscientizar a nossa população para a importância social da doação de órgãos.


A mídia publicou também uma lista de palavras que o médico não pode dizer ao paciente, lembrando a importância dos Cuidados Paliativos.


Muitos brasileiros gostariam de saber se descendentes da família real portuguesa ainda recebem proventos do governo federal.


E o famoso bicheiro do Rio de Janeiro, Rogério Andrade, foi transferido para um presídio federal de segurança máxima em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, e ficará em uma cela de seis metros quadrados.


Desisti de relatar notícias ocorridas durante a Reunião do G20, no Rio de Janeiro, onde um carro da comitiva Presidencial do Brasil, foi roubado.


Gabriel Novis Neves

13-11-2024




domingo, 17 de novembro de 2024

RACISMO ESTRUTURAL


Li uma notícia no grupo da Academia de Medicina de Mato-Grosso, que um conhecido jogador brasileiro de clube europeu, estava aborrecido por não ser reconhecido pela FIFA como o melhor jogador de futebol do mundo.


Não ganhou a cobiçada ‘Bola de Ouro’, prêmio já concedido a vários craques brasileiros, campeões do mundo.


Em compensação ele é um ‘ativista’ na luta contra o racismo no futebol, e espera ganhar o prêmio Nobel da Paz.


O que me chamou a atenção, foi a festa promovida por ele, defendendo a pauta da ‘luta contra o racismo no mundo’.


A notícia estampava uma foto dele, abraçado à cinco lindas jovens de cor branca e cabelos loiros.


Provavelmente são oriundas de países do leste europeu.


É assim que ele combate ao racismo?!?...


O Brasil é, e sempre foi um país racista desde o seu descobrimento pelos colonizadores portugueses.


O longo período da escravatura com os africanos, produziu uma nação miscigenada.


Os negros que fazem sucesso nos campos de futebol e na música, ganham muito dinheiro e em sua grande maioria, casam com lindas mulheres brancas.


Nada tenho a ver com isso, já que a escolha para quem vai ser a sua companheira é pessoal.


Esse jogador que a imprensa brasileira escolheu como modelo para combater o racismo no mundo, é um ‘encrenqueiro’ nos campos de futebol.


Sempre é muito vaiado por suas atitudes não esportistas, e não pela cor da sua pele.


Craques como Pelé, Didi, Djalma Santos, Zózimo, Paulo César Caju, campeões do mundo, nunca foram hostilizados em campos de futebol da Europa.


O racismo se manifesta de diversas formas ao redor do mundo, variando conforme o contexto histórico, cultural e social de cada país.


No Brasil, o racismo é estrutural e velado, mantendo desigualdades entre negros e brancos como oportunidades de emprego e renda.


Na Europa, muitos imigrantes enfrentam essa discriminação explícita, sendo frequentemente alvos de preconceitos.


Já o racismo cultural rejeita e inferioriza culturas não hegemônicas, desvalorizando tradições e línguas de determinados grupos.


Além disso, há o racismo ambiental, no qual comunidades racializadas, como indígenas e quilombolas, sofrem mais com a degradação ambiental e falta de infraestrutura.


O racismo religioso com perseguições contra praticantes de religiões de matriz africana.


O nosso jogador está preparado para enfrentar essa luta contra o racismo cultural?


Ou é um bilionário exótico dos campos de futebol europeu?


Gabriel Novis Neves

15-11-2024




sábado, 16 de novembro de 2024

IRMÃOS


Tenho seis irmãos vivos, um mora em Niterói e os outros em Cuiabá.


Todos são carinhosos comigo, mas o que mais vem à minha casa é o meu afilhado.


Chega alegre, falando alto, brincando com as cuidadoras e nunca de mão abanando.


Hoje ele trouxe uma sacola de mangas bourbons, compradas na Chapada dos Guimarães.


A bem madura deixou na geladeira para a minha sobremesa de domingo.


Chegando ao meu escritório, encheu o ambiente de alegria, me mostrou as mangas sem amasso e eu lhe ofereci bolo de queijo, que ganhei da minha neta Isabelle para o meu cafezinho.


Conversamos, ou melhor, eu ouvia aquilo que ele dizia em voz alta.


Acordou como de costume cedo e foi à missa.


Depois foi visitar a sua madrinha e irmã mais velha.


Ficou encantado com o café da manhã dela: um prato de mamão, uma xícara de leite com sucrilhos, pão com manteiga e queijo à vontade.


Saiu de lá e veio me visitar, pois moramos próximos em edifício de igual projeto arquitetônico.


Durante o tempo da visita, conversou sobre todos os assuntos: do ganhador da aposta comprada em Cuiabá da Mega-Sena de 201 milhões de reais, do tropeço do Botafogo, dos amigos que nos deixaram para viver no plano espiritual.


Contou para me alegrar, que em todos os lugares que frequenta, como mercados, centro de infusão da Unimed, cafés, é confundindo comigo pela extrema semelhança física.


Sou seu irmão primogênito, quinze anos mais velho e seu padrinho de batismo.


Da minha família de oito irmãos, ele foi o mais boêmio de todos, apaixonado pelo jogo das cartas.


Cuidadoso ao extremo com a sua saúde é frequentador assíduo dos consultórios dos melhores médicos especialistas.


Tem pavor de morrer e se depender dele, fica de indez aqui na Terra.


Por ocasião das suas visitas, leio para ele a crônica que estou escrevendo.


Antigamente ele não gostava, mas hoje aprecia mais, e muitas vezes compartilha entre seus amigos.


Espero pela sua próxima visita, sempre aos domingos após à missa, fonte de energias salutares e de inspiração para escrever crônicas.


Gabriel Novis Neves

10-11-2024




sexta-feira, 15 de novembro de 2024

FAMÍLIA NUMEROSA


Aos pouquinhos minha família foi aumentando, o que me obrigou a providenciar uma mesa maior para os almoços.


Tenho uma mesa de pedra com oito lugares e uma redonda de vidro para seis adultos.


Quando filhos, noras, genro, netas, neto, e ‘netos e neta postiços’ estão reunidos, falta lugar na mesa.


Vou trocar a mesa de pedra de oito lugares, por uma de madeira de dez lugares.


Se eu convidar alguém com esposa, não tenho como acomodá-los.


Nessas raras ocasiões a minha filha inventa o ‘almoço americano’, quando cada um faz o seu prato e se ajeita pelo amplo salão de visita.


Os pequenos e as babás por enquanto usam a copa como refeitório.


Quando a Regina encomendou a pedra branca para ser a nossa mesa de refeições, a família era ela, eu, e três filhos.


Às vezes vinha a minha mãe Irene, ou Fernando Pace ou a Soninha, e sobrava espaço.


Mesmo quando vinham os três juntos, acomodava todos eles.


Até o Natal, essa mudança será feita por urgente necessidade.


As casas antigas nunca tiveram esse problema, e o exemplo é a casa dos meus pais, com nove filhos almoçando na mesma mesa, que podia ser aumentada.


Com o fim dos casarões e a mudança para apartamentos, mesmo nos mais espaçosos, o problema existe.


Nos bons tempos a Regina reunia os Novis Neves, principalmente no meu aniversário ‘colado ao dela’, Natal e Ano-Novo, no salão da cobertura e jardim descoberto, onde cabiam cem pessoas.


Mesinhas redondas de madeira com cadeiras era o lugar ideal para essas comemorações festivas.


Contratava-se um ‘bufê’ e as iguarias eram colocadas em longas mesas forradas para serem consumidas.


Jantar de formatura dos primeiros médicos formados pela nossa universidade, quando eu era homenageado, era realizado na minha cobertura, com direito a ‘dança do trenzinho’ depois de certa hora.


Tudo passou. Tudo passa.


Hoje não consigo nem subir a escada para namorar as flores coloridas do meu jardim.


Sei que deveria compartilhar, inclusive, a vista privilegiada da cidade do 21º andar do meu edifício.


Com o crescimento dos meus bisnetos, talvez eu volte a cobertura, embora o tempo seja meu cruel inimigo.


Gabriel Novis Neves

03-11-2024




quinta-feira, 14 de novembro de 2024

CHEGOU A HORA


Com o final do mês de novembro e início de dezembro, chegou a hora de gastar as economias feitas durante o ano que se encerra.


Aqueles que não guardaram dinheiro terão que socorrer à empréstimos bancários ou de agiotas para fecharem suas contas.


Os holerites da primeira parcela do 13º salário das funcionárias já chegaram com o E Social e Carnê Leão.


No início de dezembro pago os salários de novembro e a outra parcela do 13º.


Os presentes de Natal, obrigam-me a retirar dinheiro da magricela poupança.


A família, cada dia mais numerosa, aguarda o presente do patriarca, e cada ano capricho mais na dose, temendo ser o último e que será sempre lembrado.


Escrevo a mais pura verdade da vida como ela é, e sei que muitos não apreciam esse tipo de leitura.


Minhas crônicas sobre o cotidiano estão impregnadas de verdades, nem sempre agradáveis de serem lidas.


Também marcarei os exames médicos e odontológicos de final de ano, para entrar firme na casa dos noventa, se Deus quiser e Ele quer!


Preciso de forças para fazer tudo de novo.


Em janeiro começo a recolher documentos para o Imposto de Renda 2024.


Entregar à Receita Federal a minha declaração, assim que o Ministério da Fazenda autorizar.


Verificar se a minha declaração caiu na malha fina, e quando será a restituição do 1º lote, pois tenho prioridade pela minha idade.


Esperar a chegada do IPTU para pagar em prestações.


Solicitar a minha médica infectologista, de três em três meses autorização para infusão de imunoglobulinas mensais, enquanto estiver vivo.


Pedir ao laboratório para vir em minha casa todos os meses colher o meu sangue para a dosagem das imunoglobulinas e subclasses.


Em março nova bateria de exames cardiológicos de imagens, e auditoria da bateria do meu marca-passo cardíaco, para saber sobre a sua vida útil.


Se eu viver mais de noventa, acredito que voltarei para o centro cirúrgico, para a sua troca.


Minha mãe trocou e é um procedimento bem simples.


Assim vejo o ano que finda e chega.


Vou deixar o tempo passar para verificar o que acontecerá comigo.


Gabriel Novis Neves

11-11-2024