Conheço vários golpes, desde os mais simples até aos sofisticados da internet.
Bem antes da TV e mídias sociais chegarem, os estudantes de Mato Grosso que conseguiam estudar fora de Cuiabá, ficavam em casas de parentes, repúblicas, pensões, casas dos estudantes e arrumavam um jeito de se manterem na cidade grande.
O Rio de Janeiro, por ser a capital federal, era a cidade preferida dos cuiabanos.
Durante a ditadura Vargas, um político cuiabano de grande prestígio, quebrou muito galho dos estudantes mato-grossenses.
Se fossem estudantes de medicina, com aulas o dia todo, ele os contratavam como detetives do cassino da Urca.
E ainda os orientavam que o jantar era no cassino, com comida farta e deliciosa, tudo de graça.
Podiam comer à vontade, menos consumir bebida alcoólica.
Não precisavam bater ponto, e ainda portavam uma carteirinha da polícia, que valia ouro.
Os estudantes de outros cursos universitários eram alocados pelos ministérios e autarquias.
Ajudou centenas de estudantes carentes que, quando retornavam ao seu torrão natal com diploma universitário, transformavam-se em seus cabos eleitorais qualificados.
Isso é um tipo de golpe chamado de ‘prato de comida’.
Outros colegas encantavam as mães das moçoilas casamenteiras da zona norte do Rio de Janeiro.
Elas acompanhavam as filhas nas noites dançantes dos diretórios acadêmicos.
Com a repetição das noites dançantes, logo as mães das meninas, sabedoras que o dançarino era do interior, o convidava para almoços e jantares.
Mais uma vez o ‘golpe do prato de comida’ terminava em casamentos com os jovens médicos.
O hábito de comemorar vitórias gratificantes com final na mesa de comida é bem antigo.
Um pedido de namoro, uma promoção no serviço, um negócio acertado, sempre terminava em um almoço ou jantar em restaurante famoso, onde o preço é elevado e a comida é pouca.
Essa herança de tudo resolver com um bom almoço ou jantar parece ser dos europeus, o país não sei, talvez a Itália.
O golpe do prato de comida, permanece até hoje.
Almoçar na casa da namorada, de um político importante ou do chefe da repartição é compromisso sério.
Gabriel Novis Neves
24-10-2034