segunda-feira, 5 de maio de 2025

ASSUNTOS ATUAIS


Ultimamente os títulos das minhas crônicas estão tristes e, segundo o editor do blog, o conteúdo anda melancólico.

 

Isso não agrada aos leitores —nem a mim.

 

Escrevo o que sinto. E nesse processo, as palavras mudam de humor.

 

Quero explicar que há um grande mal-entendido nos meus últimos textos.

 

Tento usar frases bem-humoradas para contar situações que nem sempre alegres.

 

Ninguém gosta de ler crônicas tristes. Nem eu, que as escrevo.

 

O passado nos oferece lembranças distantes, algumas marcadas por cicatrizes difíceis de esquecer.

 

O futuro, por sua vez é sempre incerto. Nessas horas, o melhor é revisitar o passado — que conhecemos bem.

 

Não quero transformar minhas crônicas em programas de humor. Quero que sejam retratos da minha biografia — ainda que não estejam cheias de alegrias e vitórias.

 

Contar a história de um menino do interior, filho de pais com pouca instrução, o mais velho de nove irmãos, é relatar aventuras suaves como o orvalho de uma noite sem fim.

 

Falar dos riscos que corri numa cidade grande, guiado por conselhos nem sempre corretos, em busca do sonho do ensino superior — e do retorno à cidade natal.

 

Morei com desconhecidos de outros estados, dividindo quartos em pensões. Gente com formação cultural tão diferente da minha.

 

Foram momentos difíceis. Mas nunca deixei que a tristeza aparecesse nas cartas que enviava toda semana para a minha mãe.

 

Não sei como encontrava assunto para escrever a ela.

 

Hoje entendo: escrevia saudade — tema infinito.

 

Aos 17 anos, minha maior preocupação era o futuro, que se perdia no horizonte.

 

Hoje, meu futuro é tão curto que prefiro relembrar meu passado distante — cheio de acertos e, felizmente, poucos e leves enganos.

 

Se eu tivesse que começar tudo de novo, faria alguns ajustes. E seguiria em frente.

 

Será que devo escrever minha biografia em forma de crônicas e para publicá-la no blog do Bar do Bugre?

 

Será que, assim, os títulos e o conteúdo ficarão menos tristes e melancólicos?

 

Não custa tentar, não é?

 

Gabriel Novis Neves

24-03-2025




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