O
Diretor de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina, João
Sobreira Moura Neto, publicou recentemente um artigo intitulado: “Onde vão
parar os alunos de medicina?”.
Pela
importância do tema julguei oportuna uma reflexão no Estado que acabou de criar
três escolas de medicina em cidades pólos, como Sinop e Rondonópolis (Federal)
e Cáceres (Estadual), para imediato funcionamento.
É
sempre bom recordar que há mais de dois meses as universidades públicas estão
paralisadas e seus professores acampados em Brasília.
Reivindicam
melhores salários e condições de trabalho, entre outras medidas.
E,
mesmo diante desse quadro de dificuldades financeiras e de recursos humanos, o
MEC não para de criar novos cursos de medicina.
A
preferência para a instalação desses novos cursos, por pura coincidência, é em
cidades ou pólos no sul e sudeste, onde já se concentram 72% dos médicos
brasileiros.
Não
tem fundamento a justificativa oficial, que argumenta que seriam necessárias
mais escolas de medicina “porque há cidades e regiões que não contam com esses
profissionais.”
Mentira
da grossa. Dificilmente médicos formados nessas escolas particulares irão
trabalhar em uma cidade ou região carente de médicos.
Eles
engrossarão um sistema saturado de médicos nas instituições de melhores
qualidades.
Poucos
conseguirão vagas em programas de residência médica. Também não irão atender a
periferia das cidades onde estudaram, por conhecerem as condições oferecidas ao
atendimento humanizado.
Os
médicos dessa nova leva de faculdades de medicina políticas farão aquilo que os
seus antigos colegas fizeram.
Darão
muitos plantões em vários locais para somar uma remuneração muito aquém para
cobrir, em médio prazo, as mensalidades pagas às faculdades onde graduaram.
Terão
que ter muitos empregos, impossibilitando-os de praticar uma boa medicina.
Nunca encontrarão tempo para estudar e, precocemente, serão condenados a serem
médicos jovens desatualizados, fora do exigente mercado de trabalho do
conhecimento.
E
o Ministério da Educação quer criar mais cursos de medicina em cidades pólos do
interior para tentar recuperar o capital político perdido pelo partido do
governo nas grandes cidades brasileiras.
Atualmente
o Brasil possui 196 escolas médicas, ofertando 16.892 vagas.
O
sistema público (federal, estadual e municipal), tem 82 cursos médicos.
A
iniciativa privada mantém 114 escolas médicas.
Em
1960, existiam no Brasil 23 escolas de qualificação indiscutível.
A
expansão desenfreada iniciou no período de 1967 e perdura até os nossos dias
(Governo Dilma).
O
ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, foi convidado para presidir uma comissão de
especialistas para avaliar essas escolas.
Após
vários meses de visitas técnicas, pareceres, estabelecimentos de critérios para
criação de novos cursos e melhoria de um número de existentes, desistiu.
A
politicagem é muito forte nessa área e o nosso maior cirurgião de coração jogou
a toalha, abandonando o trabalho de testa de ferro de oportunistas políticos.
A
sociedade necessita cobrar respostas do governo para a área da saúde pública.
Nosso
problema há anos não é a falta de médicos, e sim, a de políticas públicas de
fixação do médico no interior.
O
governo não tem o mínimo interesse em resolver essa situação, que martiriza o
trabalhador brasileiro que produz riquezas a esta nação.
Falta
decisão política, que é ação do governo.
Por
falar em novos cursos médicos aqui em Mato Grosso, após o ato solene de criação
dos mesmos, notícias que temos é que a Universidade Federal, que ficaria
responsável pela implantação das escolas de Sinop e Rondonópolis, está fechada
há mais de dois meses.
A
de Cáceres é estadual e, pelo que sei a prioridade do governo do Estado, para o
ano que vem, é a implantação do VLT entre o Aeroporto e CPA.
Sociedade
organizada, a advertência sobre novos cursos médicos é muito séria.
O
momento de cobrança é este - até outubro.
Gabriel Novis Neves
26-07-2012
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