sábado, 27 de agosto de 2011

Chocolate

Em pleno inverno de 42 graus, moradores desta cidade saíram às ruas, à noite, para comemorar um fato histórico acontecido no Engenhão, no Rio de Janeiro, e tomar chocolate - bebida servida pelos goianos aos rubro-negros.

O que tinha de goianos nos bares, botequins, botecos, carrocinhas que vendem de tudo, casas de dança e até restaurantes, era um espanto! Uma festa!

O meu neto, urubu fanático, assistiu ao maravilhoso jogo deitado na cama comigo. Não fiz nenhum comentário durante o jogo, e os gols dos goianos saindo. O meu coração botafoguense pedia que eu comemorasse, mas a razão falou mais alto. Tinha que respeitar a tragédia que o meu neto, de apenas dez anos, estava vivendo.

Encerrada a partida, com a derrota do Flamengo por 4 X 1 para um dos lanternas da competição, ele me pede:

- Vô, me leva para casa. Futebol não tem lógica, né?

Então não resisti e dei uma provocadinha:

- Realmente, quando o nosso time perde, principalmente de goleada, é porque não há lógica e nunca por falta de futebol ou mérito do vencedor.

Ele não deixou por menos:

- Você deve estar acostumado com isso, né Vô? Torcendo pelo Botafogo, é difícil a semana que seu time não perde! O Flamengo foi a primeira vez.

Respondi:

- Para existir a sequência de derrotas, há necessidade da primeira... Logo em casa para um time de Goiás, Estado que só produz duplas sertanejas, é demais, né?

Já no carro ele me faz um pedido:

- Vô, por favor, não passe pelos lugares das festas. Não irei suportar as gozações.

- Tá. Respondi.

Silêncio no carro. Nem rádio seria prudente ouvir.

Depois de um chocolate que deram no urubu, qualquer apresentador iria, com certeza, aproveitar os comerciais para fazer uma gracinha em cima do Mengo do meu neto.

Antes de deixá-lo em casa, e pelo adiantado da hora, perguntei-lhe se não desejaria tomar um chocolatezinho antes de dormir. Pura maldade minha!

Até me arrependi depois!

Ele olhou sério para mim. Não gostou da brincadeira, claro! Com cara de poucos amigos disse ao se retirar do carro.

- Até você, vô?

O menino foi dormir triste.

No entanto, ele aprendeu que na vida temos vitórias e derrotas, e aprendemos muito mais com elas do que com as vitórias. A vida é realmente um grande jogo, cujos resultados a criança tem que saber tratar desde a infância.

É bom viver no mundo das vitórias, mas devemos estar preparados para vencer as derrotas, especialmente as goleadas, que aparecem quando menos esperamos.

Que chocolate, gente!


Gabriel Novis Neves

19-08-2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.