Estou tomando providências, para a comemoração do meu artigo número cento e cinqüenta no “site que ninguém lê”. Como vivemos a época das comemorações, julgo oportuno, brindar este feito: cento e cinqüenta vezes o “pobre Marquês”, teve a paciência de divulgar as minhas escritas no “Tema Livre”. Lamento apenas continuar desconhecido, porque “ninguém lê o site” onde iniciei a minha carreira. Não quero festa, outdoor, faixas e nem informes publicitários nos jornais. Se publicasse dois artigos por ano desde a data do meu nascimento, alcançaria, hoje, aos 75 anos de idade, este número, para mim, quantitativamente significativo.
O único presente que gostaria de ganhar para comemorar esta data, seria uma carteirinha de jornalista. Como diz a jornalista do “nogargalo”, proprietária do Boteco, sou um “jornalista café com leite”, aquele que não é jornalista, mas escreve para jornais, sites, blogs não têm honorários, nem exclusividade.
Ah! Se eu ganhasse uma carteirinha de jornalista! Além de me sentir muito satisfeito e honrado de pertencer a esta classe - essencial para a educação da nossa sociedade - iria assistir ao desfile das Escolas de Samba em lugares privilegiados, reservados e com toda a mordomia. Seria convidado para reuniões importantes, e, com toda a certeza, paparicado pelos carentes de elogios.
Isto me faz lembrar uma história contada pelo Brizola. Conta o doutor Leonel que durante o seu longo exílio no Uruguai as visitas dos amigos, outrora tão frequentes, foram pouco a pouco desaparecendo. A exceção foi um simples militante, sempre presente nas suas lutas históricas. Todos os meses, enfrentando dificuldades, o seu companheiro de poucas letras e recursos financeiros, ia de ônibus visitar o engenheiro corajoso. Permanecia uma semana na fazenda com o Brizola; levava as notícias do Brasil, e, principalmente, solidariedade humana. Nunca pediu nada, tampouco aceitou qualquer tipo de ajuda do ilustre exilado, embora necessitasse. Veio á eleição no Rio de Janeiro para Governador em 1982. A fidelidade desse amigo mexeu com o coração do velho caudilho. Não faltou a nenhum comício e se postava sempre na primeira fila. Brizola eleito, o contato entre eles ficou mais difícil, até que, durante um ato público, Brizola o reconhece no meio da multidão. O Governador chama o Doutel de Andrade, e manifesta a ele o seu desejo de falar com o amigo de exílio, após a cerimônia. Ao encontrarem-se os dois se abraçam e Brizola pergunta:
“- Estás no governo?”
“- Não Senhor governador.” Responde o amigo. “- Mas não se preocupe comigo.”
O único presente que gostaria de ganhar para comemorar esta data, seria uma carteirinha de jornalista. Como diz a jornalista do “nogargalo”, proprietária do Boteco, sou um “jornalista café com leite”, aquele que não é jornalista, mas escreve para jornais, sites, blogs não têm honorários, nem exclusividade.
Ah! Se eu ganhasse uma carteirinha de jornalista! Além de me sentir muito satisfeito e honrado de pertencer a esta classe - essencial para a educação da nossa sociedade - iria assistir ao desfile das Escolas de Samba em lugares privilegiados, reservados e com toda a mordomia. Seria convidado para reuniões importantes, e, com toda a certeza, paparicado pelos carentes de elogios.
Isto me faz lembrar uma história contada pelo Brizola. Conta o doutor Leonel que durante o seu longo exílio no Uruguai as visitas dos amigos, outrora tão frequentes, foram pouco a pouco desaparecendo. A exceção foi um simples militante, sempre presente nas suas lutas históricas. Todos os meses, enfrentando dificuldades, o seu companheiro de poucas letras e recursos financeiros, ia de ônibus visitar o engenheiro corajoso. Permanecia uma semana na fazenda com o Brizola; levava as notícias do Brasil, e, principalmente, solidariedade humana. Nunca pediu nada, tampouco aceitou qualquer tipo de ajuda do ilustre exilado, embora necessitasse. Veio á eleição no Rio de Janeiro para Governador em 1982. A fidelidade desse amigo mexeu com o coração do velho caudilho. Não faltou a nenhum comício e se postava sempre na primeira fila. Brizola eleito, o contato entre eles ficou mais difícil, até que, durante um ato público, Brizola o reconhece no meio da multidão. O Governador chama o Doutel de Andrade, e manifesta a ele o seu desejo de falar com o amigo de exílio, após a cerimônia. Ao encontrarem-se os dois se abraçam e Brizola pergunta:
“- Estás no governo?”
“- Não Senhor governador.” Responde o amigo. “- Mas não se preocupe comigo.”
O gaúcho ordena então que lhe arrumem um cargo. Despedem-se. Meses depois, novo encontro.
“- Tudo bem amigo? Estás trabalhando no governo?” Indaga o governador.
“- Sim.”
“- Qual o salário?”
“- O mínimo.” Murmura o amigo.
“- Mas, onde estás lotado?” Pergunta Brizola aborrecido.
“- Na polícia.”
“- Ah! Então tens a carteirinha?”
“- Sim. De detetive.” O amigo responde desalentado.
O governador quis consolar e falou:
“- Ah! Então tá bom!”
O amigo deu um longo suspiro e exclamou:
“-Mas doutor, eu queria mesmo era uma carteirinha de jornalista!”
Gabriel Novis Neves
21/01/2010
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