Uma amiga teve a paciência de colocar uma entrevista minha para frei Carrara no Youtube. Pronto! Vivi os meus cinco minutos de fama!
Fico imaginando aquela bolinha circulando na telinha e, de repente, aparece a imagem do Carrara fazendo perguntas ao velho aparador de crianças. O questionário foi todo baseado nas minhas anamneses. Sempre defendi que os médicos têm que dar o bom exemplo e mostrar à sociedade como somos. Jamais utilizar a doença para fins ilícitos, mas chegar até a sociedade como seres humanos com todas as nossas fraquezas e fantasias.
Muitos dos que assistiram ao “filme” ficaram chocados quando revelei que fiz tratamento psiquiátrico. “Como você revela isso publicamente?” “Essas coisas a gente não fala para ninguém, esconde” – foram algumas das advertências mais frequentes que ouvi. Outra: “Você está ficando louco? Quer se destruir?” Não. O que procurei fazer foi motivar inúmeras pessoas necessitadas de tratamento psiquiátrico a deixarem a vestimenta do preconceito e procurarem auxílio para o alívio das suas doenças inorgânicas.
Observo em meu consultório como os clientes sentem certo prazer em divulgar a aquisição de um cisto, uma cirurgia de lipoescultura, um implante de silicone, e agora é orgulho dizer que fez cirurgia bariátrica – aquela que reduz o estômago. Para serem politicamente corretos, os pacientes são orientados a não dizer que perderam quilos, e sim eliminaram gorduras desnecessárias ao geralmente já lesionado organismo. Porque este hábito? Cultural?!
É mais fácil encontrar compreensão e solidariedade humana frente a uma doença em que a balança e os olhos humanos mensuram, do que apoiar e compreender alguém portador de ansiedade, angústia, saudade ou paixão! As doenças orgânicas são conversas de salão de cabeleireiros, bares, reuniões sociais, casamentos, e até velórios. Expor nossos sentimentos e sofrimentos existenciais é sinal de loucura – mas a verdade é que ninguém quer escutar sobre isto!
Aproveitei ao máximo o tempo da entrevista para exercer a minha função de educador e médico. Mostrar as nossas fragilidades físicas, e principalmente, as emocionais. Dentro das nossas imperfeições podemos ser úteis à sociedade demonstrando que a vida é construída dia a dia e não adquirida em super mercados.
Hoje comecei a construir novas utopias. A fama demorou o tempo da entrevista!
Gabriel Novis Neves
08/01/2010
Fico imaginando aquela bolinha circulando na telinha e, de repente, aparece a imagem do Carrara fazendo perguntas ao velho aparador de crianças. O questionário foi todo baseado nas minhas anamneses. Sempre defendi que os médicos têm que dar o bom exemplo e mostrar à sociedade como somos. Jamais utilizar a doença para fins ilícitos, mas chegar até a sociedade como seres humanos com todas as nossas fraquezas e fantasias.
Muitos dos que assistiram ao “filme” ficaram chocados quando revelei que fiz tratamento psiquiátrico. “Como você revela isso publicamente?” “Essas coisas a gente não fala para ninguém, esconde” – foram algumas das advertências mais frequentes que ouvi. Outra: “Você está ficando louco? Quer se destruir?” Não. O que procurei fazer foi motivar inúmeras pessoas necessitadas de tratamento psiquiátrico a deixarem a vestimenta do preconceito e procurarem auxílio para o alívio das suas doenças inorgânicas.
Observo em meu consultório como os clientes sentem certo prazer em divulgar a aquisição de um cisto, uma cirurgia de lipoescultura, um implante de silicone, e agora é orgulho dizer que fez cirurgia bariátrica – aquela que reduz o estômago. Para serem politicamente corretos, os pacientes são orientados a não dizer que perderam quilos, e sim eliminaram gorduras desnecessárias ao geralmente já lesionado organismo. Porque este hábito? Cultural?!
É mais fácil encontrar compreensão e solidariedade humana frente a uma doença em que a balança e os olhos humanos mensuram, do que apoiar e compreender alguém portador de ansiedade, angústia, saudade ou paixão! As doenças orgânicas são conversas de salão de cabeleireiros, bares, reuniões sociais, casamentos, e até velórios. Expor nossos sentimentos e sofrimentos existenciais é sinal de loucura – mas a verdade é que ninguém quer escutar sobre isto!
Aproveitei ao máximo o tempo da entrevista para exercer a minha função de educador e médico. Mostrar as nossas fragilidades físicas, e principalmente, as emocionais. Dentro das nossas imperfeições podemos ser úteis à sociedade demonstrando que a vida é construída dia a dia e não adquirida em super mercados.
Hoje comecei a construir novas utopias. A fama demorou o tempo da entrevista!
Gabriel Novis Neves
08/01/2010
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